Teixeira de Sousa de volta às publicações
Ó Mar de Túrbidas Vagas é um regresso aos tempos em que a emigração para os Estados Unidos era feita à vela, segundo contou Teixeira de Sousa ao A Semana. O pai era capitão de veleiro e sua ausência marcou profundamente a infância e adolescência de Teixeira de Sousa. “Quando a viagem ultrapassava 30 dias, sem notícias, a minha mãe no Fogo começava aos ais’”.
Teixeira de Sousa nasceu numa família de marinheiros. No século 19, o trisavô paterno saíra da Ilha da Madeira, na altura em que os americanos praticavam a pesca da baleia nos mares do arquipélago de Cabo Verde, segundo contou o escritor à antropóloga Maria Turano, autora de um ensaio sobre a obra de Teixeira de Sousa.
O escritor viajou também entre as ilhas e os Estados Unidos com o pai e daí o seu conhecimento de navegação. Ele teve também uma aventura, parecida a que é descrita no seu conto Contra Mar e Vento, uma travessia de Providence para Cabo Verde, que, devido a uma avaria, demorou 44 dias: “cada viagem para a América ou da América para Cabo Verde, naqueles veleiros, era uma aventura. Sou portanto descendente dum trancador de baleia, e com muito orgulho".
A ideia de escrever Ó Mar de Túrbidas Vagas data de há 50 anos. Mas ficou guardada em sua memória até que um dia, ao ler o poema de Eugénio Tavares, sobre “o mar de túrbidas vagas”. E 11 anos depois de publicar Entre duas bandeiras, surge este novo romance.
Ó Mar de Túrbidas Vagas será lançado hoje, às 18h30, na Cidade de S. Filipe, no Fogo. A apresentação estará a cargo de outro escritor, Germano Almeida. Além do lançamento da obra em si, perspectiva-se um encontro interessante, entre duas gerações de escritores, com dois dos mais aclamados romancistas cabo-verdianos.