sábado, outubro 29, 2005

Entre a glória e o anonimato



Não fosse esta placa, colocada na sexta-feira por Ká Djarfogo, ninguém saberia que nesta campa jaz um dos mais ilustres intelectuais cabo-verdianos. António Barbosa Carreira faleceu em Lisboa, em 1988, e os seus restos mortais foram transladados para o Cemitério Riba, em S. Filipe, em 1994, a pedido do Estado de Cabo Verde.

No ar ficou o compromisso do Estado em erigir-lhe um mausoléu… mas quem visita o Cemitério Riba, nota logo a campa anónima de cimento, a contrastar com os mausoléus de mármore.

No centenário do nascimento do historiador, 28 de Outubro, a ONG Ká Djarfogo marcou a data com o descerramento de uma placa comemorativa na casa onde nasceu António Carreira, na Rua Comendador João Baptista Vieira de Vasconcelos, Ká Nho Zeca Barbosa, em Bila Baxu, São Filipe.

Na cerimónia, soube-se que o Ministro da Cultura, através de uma missiva, compromete-se a mandar erigir o mausoléu, em parceria com a Câmara Municipal de S. Filipe. Instado a comentar o atraso de 11 anos, o edil local desvaloriza. “Nunca houve uma interrupção de esforços para fazer o mausoléu”, garante Eugénio Veiga, apesar de nada ter mudado desde 1994.

Este caso, ou melhor descaso, é ainda agravado com o facto de Carreira não ter sido contemplado no rol – extenso, diga-se de passagem, de personalidades e instituições culturais homenageadas pelo seu contributo para a afirmação da cultura nos 30 anos da independência nacional. Isto no ano do centenário do nascimento de António Carreira. Por ironia, no mesmo dia que o Governo fazia tais condecorações no Mindelo.

Bio e bibliografia de António Barbosa Carreira (1905-1988)

Fotos: Rosa de Seibert
Desde 27/11/2004