quinta-feira, abril 14, 2005

Um criador no anonimato

Uma crónica de D. Tavares

De Bubista ser conhecida por “terra de mornas” não suscita assim tanta dúvida. De ser o seu berço, é que costuma dividir opiniões.
Assim, não é de se estranhar, pois, que tenha havido nesta ilha, número significativo de compositores, sem os quais, supõe-se, não seria possível que, naquele tempo, houvesse tanta composição. Luís Rendall, comentando a razão por que só começou a dotar as suas músicas de letra depois de ter ido à Boa Vista, justificou o facto com o argumento de ter encontrado na Boavista, o hábito de “cantar na sala de baile”, costume que não era habitual em S. Vicente. Aliás, a morna “Maria Barba” constitui exemplo paradigmático desta prática.

Por outro lado, numa terra onde a serenata quase era, por assim dizer, divertimento e uma tradição, e considerando o carácter que a nortea e a função a que se destina, não revela surpresa alguma falar em criadores na ilha da Boa Vista, muitos até circunscritos ao anonimato, como de resto acontece também com grandes tocadores de violão. Por exemplo, pouca gente conseguiu ainda descobrir que Alírio Almeida é compositor.

Baptizado pelos pais Anacleto Dias Almeida Cruz e Eugénia Roza da Cruz Almeida, com o nome Alírio Bazílio de Cruz Almeida, este “cabrer” que nasceu na Vila de Sal-Rei a 2 de Janeiro de 1940, deixou extraviar a maioria das suas primeiras músicas, por não as ter conservado, nem no papel e nem gravadas. Jamais se esqueceu, porém, da sua primeira criação - a morna “Carta de Nha Amor” -, feita quando rondava os seus 17/18 anos, e dedicada a uma namorada. Como guarda também bem fresca na memória a última, igualmente uma morna sob o título “Bô voltâ”, pois não veleja muito para a coladeira, que de resto só possui uma única, sem divulgação.....Sabi Más
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