'Quer queiram ou não, estou aqui!'
“Os lobbies na música cabo-verdiana estão completamente montados e que não pertence a determinada corrente não aparece, não é chamado, não consta, é quase que de propósito apagado com uma possível borracha”.
Celina Pereira disse o que todos sabem e que Paulino Vieira comentara em 2002. Que há determinados lobbies na música cabo-verdiana, que funcionam como uma peneira ou funil: evidencia uns, ignora outros. Beber das palavras de Celina Pereira, numa entrevista publicada pelo Semana On-line, suscita em mim uma reacção de indignação, pelo respeito a uma das vozes da cultura cabo-verdiana mais respeitadas no mundo. Se por um lado, os lobbies são uma constante em qualquer mercado, por outro lado, não se pode ignorar as palavras de uma Celina Pereira. Além de cantora, ela é contadeira de estórias, educadora, activista sócio-cultural, educadora enfim. E tem representado Cabo Verde com talento e personalidade, num domínio de criação que não tem muitos expoentes, que é a recolha e divulgação das tradições orais.
A artista, que se assume cabo-verdiana e universal, acredita que o seu trabalho não interessa aos lobbies da música cabo-verdiana. “ As cantigas de casamento, as mornas galopadas, as mazurcas, o que quer que eu cante de diferente não pertence ao mundo comercial, ao mainstream no qual também estão os lobbies que, na música de Cabo Verde, têm tentando apagar o nome de alguns artistas”. Além da mágoa de não ser convidada para actuar na sua terra, desde 1987, Celina Pereira está determinada em fazer-se ouvir em Cabo Verde. “Cabo Verde é tão rico em termos de formas musicais, eu sou cabo-verdiana e eu vou continuar a levar essa música através do meu repertório. Quer os lobbies queiram ou não, estou aqui”.
Celina Pereira disse o que todos sabem e que Paulino Vieira comentara em 2002. Que há determinados lobbies na música cabo-verdiana, que funcionam como uma peneira ou funil: evidencia uns, ignora outros. Beber das palavras de Celina Pereira, numa entrevista publicada pelo Semana On-line, suscita em mim uma reacção de indignação, pelo respeito a uma das vozes da cultura cabo-verdiana mais respeitadas no mundo. Se por um lado, os lobbies são uma constante em qualquer mercado, por outro lado, não se pode ignorar as palavras de uma Celina Pereira. Além de cantora, ela é contadeira de estórias, educadora, activista sócio-cultural, educadora enfim. E tem representado Cabo Verde com talento e personalidade, num domínio de criação que não tem muitos expoentes, que é a recolha e divulgação das tradições orais.
A artista, que se assume cabo-verdiana e universal, acredita que o seu trabalho não interessa aos lobbies da música cabo-verdiana. “ As cantigas de casamento, as mornas galopadas, as mazurcas, o que quer que eu cante de diferente não pertence ao mundo comercial, ao mainstream no qual também estão os lobbies que, na música de Cabo Verde, têm tentando apagar o nome de alguns artistas”. Além da mágoa de não ser convidada para actuar na sua terra, desde 1987, Celina Pereira está determinada em fazer-se ouvir em Cabo Verde. “Cabo Verde é tão rico em termos de formas musicais, eu sou cabo-verdiana e eu vou continuar a levar essa música através do meu repertório. Quer os lobbies queiram ou não, estou aqui”.
5 Comments:
Ora aqui está uma boa polémica Matilde, que regressa, e uma guerra que se compra barata.
A Celina Pereira é uma senhora, e não seria de esperar outra coisa que não esta atitude de grande dignidade expressa nas suas palavras e na sua continuada acção de divulgação da cultura nacional. Mas os lobbies de quem CP fala, não me parecem ser aqueles “bons lobbies” comerciais, necessários e fundamentais para a divulgação e comercialização do produto cultural, que é a música, e que têm tido um excelente desempenho no caso de alguns produtos maiores da música nacional como a Cesária, e mais recentemente a Lura. Estes “bons lobbies” não vão entrar numa guerra de vida ou morte pelo mercado interno. É exíguo para os seus interesses e há muita pirataria. Estes lobbies são “bons” porque são exigentes com os seus artistas e oferecem um excelente produto ao público em Cabo Verde e no estrangeiro.
De quem CP se queixa, é de outros lobbies (não me parece a palavra mais adequada, eu pessoalmente teria escolhido uma menos bondosa), estes concorrem com produtos menores num mercado pequeno e fazem uma guerra de sobrevivência, são os “maus”. O que estes “maus lobbies” nos servem frequentemente é “fast food” requentada e servida com atraso.
O drama é quando estes “maus” nos aparecem como os promotores e censores do gosto e da cultura nacional, do que é um bom para o povo. Quantas vezes vemos um cartaz anunciado e promovido como um produto de qualidade, quando tudo aquilo cheira a mediocridade, falta de profissionalismo e dinheiro mal gasto, e para nossa infelicidade merecem o aplauso generalizado da comunicação social. Aqui para nós M, tu e os teus colegas jornalistas têm muitas responsabilidades. A CP e nós merecemos e exigimos uma crítica mais responsável.
OLá Pedro Rendall
Claro que a comunicação social tem culpa na formação destes maus lobbies- ou máfias, de que falas. Concordo consigo em toda a linha, mas pergunto se a responsabilidade não deve ser compartilhada? Com produtoras, gravadoras, determinados artistas e criticos. Pela omissão e pela transgressão. Pela falta de ética. Não só os jornalistas que são culpados pela máfia que corrompe o "showbiz" cabo-verdiano. POrque é que o público consome tanta porcaria e nem reclama? POrque não há educação musical em Cabo Verde, para que as pessoas aprendam a seleccionar melhor? Já agora, devemos chamar os decisores a capítulo, pelas suas responsabilidades neste estado de coisas. Gostava de debater mais consigo sobre esta matéria, se estiver de acordo. UM abraço.
Matilde,
tenho o maior gosto em continuar esta conversa. É claro que concordo que não são os jornalistas os únicos responsáveis, nem talvez os maiores, mas também não é assim tão interessante o exercício de mensurar responsabilidades. Eu vejo as coisas assim: a má música, como a má literatura, ou a má pintura existirão sempre em Cabo Verde. Agora podem representar a maioria do que diariamente consumimos, mas podemos inverter esta situação. Com educação para as artes, com história da arte, com certeza. Mas é obvio que isto vai levar tempo e dinheiro e demorar uma geração a dar resultado. Mas nenhuma das razões apresentadas é por si só suficiente para não se começar amanhã.
E até lá o que podemos fazer, nós os que consumimos cultura, vós a comunicação social e eles os poderes públicos?
Da minha parte, tornando-me mais exigente, pura e simplesmente não consumindo e não divulgando. Da vossa parte jornalistas espero que não se demitam de informar diferenciadamente e por ordem de mérito, ou mesmo de criticar enjeitando os relativismos. Dos governantes o que eu sinceramente esperava era uma maior compreensão do fenómeno cultural e uma política mais pró-activa (outra conversa).
Para a “má cultura” e já que a sua não existência não pode ser determinada por decreto, terá de ser o mercado a sustentá-la, e a ser a razão da sua existência. Não é missão do estado intervir aqui, mas muito menos ajudar. O Estado deve intervir na promoção de valores culturalmente seguros, e onde existam falhas do mercado. E esta, é que é a discussão difícil de se fazer, será que o Estado sabe o que é bom e o que é mau? E quem o vai definir?
Vejamos o exemplo da música no mercado nacional (porque os produtos nacionais de qualidade têm um mundo de oportunidades lá fora). A suposta música má tem o seu público em Cabo Verde, portanto tem o seu mercado. E o que vemos nós? Alguns organismos públicos e empresas contribuírem para que um mau produto vá sair de graça ao seu natural consumidor. Isto é duplamente perverso, promove-se o que não presta e ainda se coloca a etiqueta “free”. É claro M, que tu nem eu somos ingénuos, e sabemos bem quais as razões desta irracionalidade cultural.
Um Abraço.
Olá,vim parar a este blog por mero acaso. Eu também sou da fanmilía Rendall e gostava de saber a ligação. sou bisbneta do Luís Rendall
Não liguem aos erros ortográficos. Digamos que não reli a msg antes de enviá-la.Cumprimentos
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