sexta-feira, dezembro 02, 2005

Para filmar e sofrer

Filmar em Cabo Verde continua a não ser pêra doce. Ana Lisboa que o diga.
A cineasta cabo-verdiana, que assina o documentário Amílcar Cabral, acaba de conclui o casting de actores para a sua primeira longa-metragem. Cabo Verde Nha Kretcheu precisa de uma centena de actores, dos sete aos 77 anos, mas Ana Lisboa ficou decepcionada com o casting.

“Aqui na Praia queixam-se que não se faz nada aqui, que Mindelo tem preferência, em termos de cinema, mas quando alguém tenta fazer algo, ninguém aparece. Os meus protagonistas são pessoas com idade a partir dos 33 ou 34 anos. Mas ainda não encontrei as pessoas certas”.

A solução passa pela realização de um outro casting no Mindelo, que não estava previsto. Caso não encontre actores para o filme aqui em cabo Verde, a cineasta irá trazer actores de fora. Tudo para começar a rodagem do filme, em Fevereiro de 2006, na Praia. “Só não começarei a rodar nessa data se eu morrer”, garante.

Cabo Verde Nha Kretcheu conta em 90 minutos a história de cinco mulheres cabo-verdianas, a partir da história trágica de Indira, uma adolescente de 13 anos violada pelo professor. A realizadora não levanta o véu sobre os meandros deste drama, mas quando questionada sobre a história de Indira, ela não esconde as lágrimas. “Só posso dizer que se trata da história de cinco mulheres cabo-verdianas e que Indira terá uma ligação com elas. Mais nada. O resto, verão no filme”.

A produção do filme está a cargo da Brava Florida, da própria realizadora. À excepção de cinco técnicos de som e montagem, portugueses e franceses, esta é uma produção cabo-verdiana, a começar por Ana Lisboa. O financiamento do filme está a ser procurado na França, Portugal e Cabo Verde. Mas até agora, Ana Lisboa recebeu um sim em Francês. Aqui, no arquipélago, ainda aguarda respostas do Ministério da Cultura e de empresas privadas.
Desde 27/11/2004