terça-feira, novembro 15, 2005

Sarron.com é teatro!

Um espaço vazio. Haverá algo mais provocante para um actor ou encenador? Um palco vazio é inspirador, tal como a tela branca para o pintor…

E ver o palco assim, nu, vai ficando cada vez mais difícil no Mindelo, com a criação de novos grupos ou a produção de outros certames teatrais, além do Março Mês do Teatro ou o Festival Mindelact. É o caso do Ciclo Teatral Shakespeare, que começa no dia 19, no Mindelo. Ou então, a criação de uma nova companhia de teatro, o Sarron.com.

Forti sabi! Lantuna aplaude mais esta empreitada de actores mindelenses. O novel grupo é coordenado por Neu Lopes e Tey Fonseca Soares, ambos ex-integrantes da Companhia Solaris, também de Mindelo. O grupo está motivado e é ambicioso. Quer explorar todas as vertentes do teatro, pesquisar a história social e cultural do Mindelo e ainda estabelecer uma rede de contactos com grupos nacionais e da estranja.

Para o Março Mês do Teatro, estão a preparar aquela que será a estreia do Sarron.com Teatro e Companhia. O tema central é o nosso sistema democrático, principalmente o que precisa ser melhorado. Nesse ponto, há muito pano para manga, diga-se de passagem. “Todos acham que há coisas que precisam melhorar na nossa democracia, para torná-la mais justa e evitar os lobbies partidários. Por exemplo, gostava muito que os partidos gastassem menos dinheiro à toa nas campanhas e investissem mais em debates de ideias”, aponta Tey Fonseca Soares, que acrecenta que o grupo está interessado em recolher subsídios para a peça, nomeadamente sobre possíveis melhoras no nosso sistema democrático. O tema promete e a campanha que aí vem será um excelente laboratório para o pessoal do Com.

Já para o Festival Mindelact, a música é outra. “Vamos fazer um musical, chamado Un vês Soncent era sab. Vamos retractar os tempos de ouro do Porto Grande”, revela Neu Lopes. Eis o grande desafio do Sarron.com. Realmente, os musicais não são uma vertente interessante para os grupos de teatro em actividade no país, embora se tenha de referir a produção As Paixões de Molière, da Companhia Cena Aberta, como um senão.

Porquê Sarron? "É o nome dado a um saco, geralmente feito em pele e, na maioria das vezes, enfeitado com desenhos feitos com uma certa mestria, que os homens do campo utilizavam para colocar sua merenda e outros artigos úteis e culturais", escreve o sítio do Mindelact.

A razão do ponto com? Apenas para modernizar o nome, uma vez que o sarron tradicional está a cair em desuso. Além disso, Com é o diminutivo carinhoso da companhia – e o Lantuna, como flor navegante, gostou desse pequeno detalhe. Ao pessoal do grupo, muita merda e bom trabalho!

sarronpontocom@gmail.com
Desde 27/11/2004