terça-feira, abril 26, 2005

Verdes Raízes

Por Gláucia Nogueira*
PERPETUAR a memória musical da Ilha do Fogo, relembrando nomes consagrados mas também os trovadores e cantadeiras populares que de forma geralmente anónima legaram a Cabo Verde o que é hoje uma rica tradição, é a proposta do grupo Raiz di Djarfogo, que passou a integrar a colecção com a qual a etiqueta Ocora, da Radio France, procura salvaguardar os repertórios tradicionais ao redor do mundo, tendo editado até ao momento cerca de 280 títulos.

É obra de responsabilidade para um grupo de amadores que, além de tocatinas informais aos fins-de-semana, anima pontualmente eventos organizados pelo município de São Filipe, de onde são naturais os seus membros. Antes do Raiz de Djarfogo, tiveram direito a um CD a solo nesta colecção o chamado «pai do funaná», Codé di Dona, e N'toni Denti D'Oru, solitária voz masculina no finaçon, género dominado por mulheres.

Ainda que a fronteira do público cabo-verdiano ou africano de língua portuguesa não tenha sido ultrapassada por nenhum artista do Fogo, esta ilha não é excepção quanto à fertilidade musical que caracteriza Cabo Verde. O que Raiz di Djarfogo vai buscar é aquilo que permanece praticamente oculto, nomes que fizeram história e com a sua obra contribuíram para moldar uma especificidade dentro do panorama musical do país. O CD ressuscita nomes como Príncipe de Ximento (1896-1958 aprox.) e Nho Aniba Henriques (1890-1963), personagens carismáticas da ilha na primeira metade do século, que se tornaram célebres pelo olhar crítico e a ironia das suas criações. ....Sabi Más
Desde 27/11/2004