segunda-feira, abril 18, 2005

O preço da cultura

Este texto foi um autêntico achado. O blog brasileiro Falar É Preciso analisa o apelo que muitas vezes se faz sobre a necessidade de “o povo” ter acesso à arte: “Os actores querem mais gente nos teatros, os cineastas no cinema e os escritores mais livros vendidos”.

Divagar é preciso: como é que um koitadu, que ganha 12 contos por mês, pode pensar em cultura? Queixam-se que o público crioulo não se interessa pelas actividades culturais, que não sejam festivais e mantxuladas. Mas como gostar de leitura, se o livro é caro? Como comprar um bom CD, quando se sobrevive com muito pouco? Mas a questão do acesso à arte não é só condicionada pela falta de renda, mas também pela ausência de uma educação direccionada para a cultura, até porque aqui em Cabo Verde, os eventos culturais, em regra são gratuitos. Mas convenhamos que o livro é caro, o disco, o filme de qualidade...

Para atiçar o interesse do público pela a a arte, a sugestão do autor do referido blog é que se faça um trabalho junto do público de amanhã. “Seria muito interessante se, desde cedo, todas as escolas participassem em eventos e concursos que valorizassem a arte e a cultura, com concursos de redacção, de poesias, de pinturas, desenhos, colagens, esculturas, mostras de teatro e todas as formas possíveis de criar na criança o gosto, a necessidade de sempre ter contacto com aquele tipo de actividade”.

Porque o público, assim como o artista, o produtor, o divulgador, precisa ser educado. É o trabalho que a Associação Mindelact fez, na última década, no Mindelo – cativar e moldar um público para o teatro. A partir daí, ele passará a frequentar as salas de espectáculos e a exigir qualidade. Mas a equação não é tão simplista assim, quando entra em jogo a questão da qualidade...
Desde 27/11/2004