segunda-feira, abril 18, 2005

Djirga inspira-se na morna

Uma crónica de D. Tavares

O Bairro da Achada de Santo António ergue-se num espaço ao sul do Plateau - este outrora representativo de toda a Cidade -, separados por um vale. O mar que lhe fica defronte, sempre chamou os seus habitantes à coabitação. E estes por companheiro têm-no, também, em lides que envolvem várias actividades, com realce, sobretudo, para a pesca e a cabotagem. Aliás, tornou-se em tempos corriqueiro dizer-se, por entre os rapazes de Achada, “dja bu fica lâ mô Ives”. Este é o nome de uma pequena embarcação encalhada alí na praia de Chã-de-areia, depois de, na década de sessenta, ter naufragado enquanto fazia uma viagem no percurso Dakar-Praia.

Tazinho, o seu irmão Mendonça, Audino de Mana Ficha e tantos outros tocadores de renome tinha a Achada de Santo António. E sempre que o barco de que eram capitães fundeasse na “Baía”, transformava-se num espaço de lazer e tocatina. E não é à toa que se levantou como meio de movimentação cultural, onde nem o teatro lhe fugiu. Das três tabancas existentes na Cidade da Praia, uma era da Achada, que Frank Mimita classifica como “(…) câ tâ flâ mô é midjor pamô sinon és tâ multan (…)”. Por esta razão, Tcháda guarda, um pouco escondido, mas não desconhecido devido ao seu percurso, um nome sonante da cultura cabo-verdiana: - Djirga.

De seu nome de baptismo Gregório Xavier Pinto, Djirga nasceu em Chã-de-Areia, no dia 13 de Fevereiro de 1936, filho de Luís Xavier Pinto e de Paulina Pinto Osório. Devido à morte do pai foi, ainda em tenra idade, viver ao Plateau, de onde regressou aos 15 anos, para fixar residência definitiva em Achada de Santo António. Figura de referência na música cabo-verdiana, embora um tanto ou quanto velada, mas cujas raízes advêm da sua própria forma de ser e de estar na sociedade - que até levou os que o bem conhecem a estranhar como conseguiu Chico Fragoso convencê-lo a integrar o grupo cénico “Korda Kaoberdi”.....Sabi Más
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