terça-feira, abril 19, 2005

Cabo Verde: África ou Europa?

Por Manuel Brito Semedo*






A região, como foco de identificação, é um conceito em que a cultura passa a ser a chave da significação entre a materialidade do espaço e as características da existência e da consciência social. Valoriza-se, nesse caso, o quadro físico e os aspectos culturais que resultam na personalidade do lugar, conferindo-lhe, pois, uma “identidade”. E é essa identidade que a vai distinguir dos demais.

Na perspectiva política, entende-se por regionalismo a tendência dos teóricos que são favoráveis às autonomias regionais. Porém, segundo alguns estudiosos, nem sempre foi assim, já que inicialmente aquela palavra indicava, segundo Bobbio et al. (1986) uma atitude de “excessivo interesse e amor pela própria região”.É na óptica destas duas acepções – a cultural e a política – que o conceito de regionalismo é aqui abordado, com base em duas posições, aparentemente antagónicas, já defendidas como tese pela elite letrada cabo-verdiana: região europeia versus região africana.

A sociedade cabo-verdiana tem uma história, no decurso da qual emergiu uma identidade específica, que pode ser observada em momentos determinados de crise, cujos picos foram: a ideia propalada da venda das colónias, nos finais de oitocentos; a decadência do Porto Grande e o estabelecimento do Estado Novo, nos inícios de 1930; e a fundação do PAIGC, dentro da conjuntura política interna crítica do regime de Salazar e da onda nacionalista do processo de independência das colónias inglesas e francesas, nos finais de 1950.....Sabi Más
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