quinta-feira, setembro 01, 2005

Diasporizando. Carmen Souza

É uma voz que sussurra no ouvido canções de que sentimos saudades, sem nunca as termos ouvido. A identificação é imediata, já que a música é cabo-verdiana, mas com uma roupagem diferente, meio soul/afro jazz. Morna, cola, batuque, fazem a festa dos sentidos e introduzem Carmen Souza no leque de artistas cabo-verdianos que diasporizam a música do arquipélago.

O debut artístico de Carmen não poderia ser melhor: o disco Ess Ê Nha Cabo Verde, com dez canções. “Soberbamente produzido pelo baixista e produtor Theo Pas’cal, o disco tem elementos do tradicional cabo-verdiano e sons africanos, fortemente cimentado com o jazz e o soul acústico e influências, desta forma revitalizando o seu repertório”, escreve o Cv Music World, num artigo que não poupa elogios à cantora.
Carmen Souza, de 24 anos, nasceu e cresceu em Portugal, num ambiente familiar cabo-verdiano, marcado por tocatinas. A paixão pela música, e pela guitarra em particular, foi-lhe incutida pelo pai, quando regressava a casa, após longos meses no mar, a trabalhar como marítimo. “Ele passava três meses do ano com a família. E quando regressava, era uma alegria. Comemorávamos com música. Foi assim que o meu pai me fez escolher a guitarra. E eu farei o mesmo com os meus filhos”.

Carmen começou a cantar nos coros da igreja católica, aos 14 anos. Mais tarde, acabaria por integrar o Afro-Gospel Coro Lusófono, um grupo profissional. “Eu cresci em Portugal, mas num meio cabo-verdiano, por isso tenho muitas influências da música do pais dos meus pais, mas também dos ritmos europeus, do soul e do jazz. Eu misturei tudo isso – é a minha fusão. Como um outsider que sente Cabo Verde, mas que na verdade tem lá as suas origens”.

O álbum foi lançado em Junho e, desde então, a cantora tem-se desdobrado em inúmeros concertos em Portugal. Para saber mais sobre Carmem Souza e escutar o concerto que ela deu na Inglaterra, acesse este link da BBC.

Com a BBC e a CV World Music
Desde 27/11/2004