quarta-feira, maio 11, 2005

Carlos Magno em Cabo Verde

No século VI, Carlos Magno, Imperador da Europa Cristã e Rei dos Francos, lutou bravamente contra os mouros, impedindo-os de invadir o centro norte da Europa. O feito foi narrado em A Batalha de Carlos Magno e os 12 pares da França, um verdadeiro épico, amplamente divulgado por trovadores. Na época colonial, a saga era ensinada nas aulas de história, em Cabo Verde. A saga tem todos os elementos para cair no gosto popular: batalhas, paixões, intrigas, luta pelo poder. As aventuras do imperador cristão, transmitidas de geração em geração, acabaram por ser assimiladas na nossa literatura oral.

Daí a importância da recolha efectuada pelo antropólogo Humberto Lima, do Instituto Nacional de Investigação e do Património Culturais. Ainda este ano, Lima deverá publicar o livro Stórias di Karlos Magno (título provisório), com cerca de 100 páginas. A história do imperador cristão acabou por se tornar um conto popular cabo-verdiano, mas sem deturpar a história original. “Os nomes dos lugares e objectos são adaptados. O espaço não é mais o europeu é o cabo-verdiano, Salinero, Cidade Velha, Sinagoga… Algumas versões trocam cabana por funco, caverna por furna e assim por diante”.

O antropólogo recolheu os contos em várias ilhas, mas na primeira edição irá incluir apenas os de Sotavento, reservando para uma edição posterior as do Barlavento. A partir dos testemunhos de cinco contadores de estórias, a história de Carlos Magno é reconstituída, tendo como matriz a versão de Armindo Preto, contador de estórias da Cidade Velha. “É a versão mais interessante. A partir dessa história, vou acrescentando aspectos de outras versões, atesto a veracidade das estórias nos livros históricos e também com a minha experiência, já que eu meu pai costumava contar-me as aventuras de Carlos Magno e os 12 pares de França”.
Desde 27/11/2004