Uma viagem para lá de Alcatraz

Claro que sabemos. Certa vez, minha avó, natural da ilha do Fogo, disse-me que muita gente tinha medo daquele mar. É como se para muita gente, que nunca transpôs aquela turbulenta fronteira marítima, Alcatraz fosse uma barreira. Mas no romance, a viagem “para lá de Alcatraz” simboliza a grande viagem para o mundo e o choque cultural sofrido pelo ilhéu aventureiro. “Esse confronto com outras realidades dá-lhe uma nova dimensão da sua própria terra e do povo a que pertence pela qual e só pelos quais se reencontra a si próprio. Entre as realidades com que se confronta este jóvem cabo-verdiano, levado pelas circunstâncias até Moçambique, onde vigorava um regime chamado de indiginato, ressalta o racismo que assumia naquela antiga colónia portuguesa uma das suas formas mais aviltantes, e do qual era principal objecto o próprio moçambicano”, explica o autor.
Viriato de Barros é escritor, jornalista, professor de Inglês e Alemão, licenciado em Filologia Germânica. Nasceu na Vila Nova de Sintra, Ilha Brava. Na infância, por causa das transferências do pai, médico, viveu entre as ilhas do Fogo, S.Vicente e S. Nicolau. Uma dinâmica que atravessa toda a sua vida: estudou e trabalhou em S. Tomé, Moçambique, Alemanha, Portugal e Cabo Verde. Hoje, reside em Lisboa e colabora no Centro de Estudos Multiculturais da Universidade Independente.
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