sexta-feira, maio 20, 2005

Auto da Compadecida em versão crioula

O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, é a peça mais popular da história do teatro brasileiro. Escrito em 1955, o Auto narra as aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos koitadu que vivem de pequenas trapaças. O esperto João Grilo consegue enganar ricos, poderosos e religiosos seduzidos pelo poder. Morto por um cangaceiro, o personagem usa a sua esperteza para vencer o próprio diabo e obter as benesses de Cristo, contando para tanto com a poderosa intercessão da Compadecida.

A peça será a 36ª produção do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo/Instituto Camões (GTCCPM/ICA), previsto para estrear a 8 de Setembro, o segundo dia do Festival Mindelact. Será uma peça bilingue, com personagens que falarão em crioulo e outras em português. Os dois protagonistas estão definidos: Nuno Delgado viverá João grilo e João Paulo Brito será Chicó. A Compadecida será interpretada por Ducha Faria, a actriz da peça À Espera de Chuva.

Os ensaios começam em Julho. Segundo João Branco, encenador, cenógrafo e director artístico da peça, o texto não precisa de muitas alterações. “Retratando o nordeste brasileiro e a sua seca quase permanente, é um espelho bastante adaptável da realidade cabo-verdiana. E mesmo o texto original está carregado de "cabo-verdianidade", tantas são as semelhanças físicas, geográficas, sociais e psicológicas da trama original e da realidade das ilhas”.

“O Auto da Compadecida” já foi encenado inúmeras vezes no Brasil, já foi adaptado para a televisão e mereceu três adaptações cinematográficas. O sucesso deste texto no cinema brasileiro só é comparável aos de Jorge Amado e Nelson Rodrigues. E agora, chega ao palco do Mindelact. Mais uma razão para estar atento à 11ª Edição do Mindelact.
Desde 27/11/2004