A voz e a vez de Danae

Danae esta coisa africana.É o título de um artigo publicado esta semana pelo jornal Público. É o nascimento de mais uma artista cabo-verdiana para a mídia portuguesa. Num artigo longo e recheado de elogios, o joenalista João Bonifácio, instigado por rumores sobre uma voz de arrepiar, procura pela cor e temperatura da música de Danae. E encontra-a mestiça, irrequietamente mestiça, plena de calor e sensualidade, na voz de “menina-mulher”. Bonifácio é taxativo: “é do melhor pop que este país viu nos últimos anos”.

Que música é essa? “Bossa-novas e sinfonias em becos escuros, vadiagem em cinemascópio, música negra em valsejares de muzette, era assim que o rumor se completava e era inevitável imaginar Françoise Hardy a cantar mornas, com uma orquestra de violinos por trás”, escreve o Público. A cantora prepara-se para lançar o seu primeiro disco, talvez em Junho. Um álbum com canções em crioulo e português, às vezes com sotaque brasileiro. Segundo Bonifácio, “a música vai da morna com arranjos roubados a John Barry ao reggae com arranjos roubados a John Barry e bastas vezes esquece John Barry e atira-se a coisas que vão do yéyé à canção francesa mais dengosa”.

Quem é Danae Estrela? Filha de um cabo-verdiano e uma cubana, nasceu em Cuba há 25 anos, é neta do filatelista Tiago Estrela. Há sete anos, optou por sair de Cabo Verde e hoje reside em Alfama. O bichinho da música “apanhou-a” numa festa e agora quem escuta sua voz, queda-se deliciado.