Horace Silver ganha Grammy do Jazz

O pianista caboverdiano-americano Horace Silver foi galardoado, na terça-feira, em Hollywood, com o Grammy de Mérito para os Grandes do Jazz, ao lado de outros grandes nomes como Jon Hendricks e Benny Golson. Na segunda edição do Grammy do Jazz, os três músicos legendários foram distinguidos “pelo enorme contributo ao jazz e a toda a comunidade musical”. Segundo o jornal crioulo-americano CVN, o criador do "Capeverdean Blues" era só emoção na hora de receber o prémio: “Dei o melhor de mim para vos dar a música que Deus me deu. Agradeço que a tenham aceite. E espero que perdure”.

Horace Ward Martin Tavares Silver (ou seja, Silva) nasceu em Norwalk, Connecticut, filho de emigrantes cabo-verdianos, da ilha do Maio. É parente do compositor Betú, pelo lado do avô Paterno, Heitor Tavares Silva. “Horace Silver é primo irmão do meu pai. É um orgulho para a nossa família”, afirma Betú, numa entrevista concedida a César Monteiro.

Horace Silver foi um dos maiores expoentes do hard-bop e do movimento soul-jazz das décadas de 50 e 60 nos Estados Unidos. Cresceu a ouvir música de Cabo Verde em casa, já que o pai era músico. Além disso, Horace absorveu bastante o jazz popular, blues e gospel que então se tocava. Quando se muda para Nova Iorque, em 1951, conhece e grava com grandes nomes do jazz, como Miles Davis, Milt Jackson, Lester Young e Coleman Hawkins.

Silver foi impulsionador e fundador do movimento hard bop cujo estilo, como se sabe, revolucionou o Jazz. Todavia, o encanto de Horace está em pérolas como o «Cape Verdean Blues», um verdadeiro mix de géneros de Jazz, com um quê de coladeira. Silver dizia que esta obra tinha três fontes de inspiração. A primeira remontava à música popular das ilhas de Cabo Verde de onde era natural o seu pai. A segunda passava pelas coordenadas do Samba do Rio de Janeiro. A terceira, e para usar as palavras do mestre: «o meu amor pelo velho e bom funky-blues americano».