quinta-feira, março 10, 2005

Escrita do crioulo em debate

“Écrire en créole: Les raisons d’un choix” (Escrever em crioulo: as razões de uma escolha) é o tema de uma conferência que o Centro Cultural Francês da Praia promove na sexta-feira, dia 11, às 18h30. Kaká Barbosa, poeta e músico, e o investigador e escritor Tomé Varela da Silva são os conferencistas. Barbosa tem obras publicadas em Caboverdiano – cito “Konfison na Finata”, que inclui um poema épico sobre a formação do povo cabo-verdiano, escrito com base no ALUPEC, Alfabeto Unificado para a Escrita do Crioulo. E Tomé Varela já reeditou o seu romance “Na Boka Noti”, cuja escrita do crioulo foi revista com base no ALUPEC, uma vez que o original, de 1987, reflectia a convenção ortográfica da Proposta do Mindelo, aprovada em 1979.

A conferência é bastante oportuna, uma vez que a escrita do crioulo é uma matéria que nunca reuniu consenso – às vezes fica-se com a impressão que é um tabu, pelas opiniões inflamadas que liberta ou mesmo pela ausência de um debate sério. Por outro lado, é preciso falar do ALUPEC, que depois de um período experimental de cinco anos, não mereceu sequer um balanço. Aliás, foi uma experimentação estranha, já que nunca se criou a Comissão de Acompanhamento e Avaliação do processo, fundamental para a implementação efectiva do Alfabeto. Uma conferência sobre a escrita do crioulo é mais oportuna ainda quando urge fazer em torno da proposta do ministro da cultura Manuel Veiga, de fazer do caboverdiano a Língua da Administração e do Ensino. Trata-se de uma “oficialização gradual”, face à impossibilidade de se efectuar uma revisão da Constituição em ano pré-eleitoral. Vamos conversar mais sobre o crioulo, a escrita e o ensino?
Desde 27/11/2004