sexta-feira, março 25, 2005

Rock-funaná, kolá-metal, coladeira-jazz?

Primitive. Primitivo. Segundo O Dicionário da Língua Portuguesa, o termo designa “grupos humanos que desconhecem as formas sociais e as técnicas das sociedades ditas evoluídas”. Primitivo significa original, mas também rudimentar. Mas o conjunto musical Primitive, fundado em 2003, e com os pés assentes na txom di Praia, assume a originalidade, mas em constante mutação.

Mas o que importa mesmo é saber que música é essa. Rock-funaná, colá-metal, coladeira-reggae? Quando a questão é colocada, o guitarrista Bobss começa a batucar na mesa. “É tradicional-pop-rock. O que fazemos é misturar o rock com batuque, colá, funaná, jazz, reggae, bossa nova”, explica Bobss, coadjuvado pelo baixista César Fodja. “A nossa música é forte. E optamos por fazer uma música que não deixa ninguém a dormir nos festivais”.

É forte não apenas pelas batidas do hard-rock, mas também pelas mensagens criticas, às vezes ácidas, das suas composições, evidente no tema “Infansia”: N ka sta ta intendipamodi ki oji inda N ka kumé nada/N sta diskontenti ku bu kara suridenti/ Dirigentis konpetentis debi djobi na sés gentis/Povu dja sta fartu di fika diskontenti.

“Estamos cansados deste sistema, que tem pedreiros a trabalhar como dentistas”, atira Fodja. Mesmo sabendo que uma banda musical leva entre quatro a cinco anos a afirmar-se num meio como o cabo-verdiano, os Primitive acreditam que as portas estão fechadas para a música de intervenção, ainda quando une universos tão diferentes, como o rock, reggae e a música tradicional cabo-verdiana. Sabi Más
Desde 27/11/2004