Poesia no Palácio do Governo
No Dia Mundial da Poesia, ministros e funcionários governamentais foram surpreendidos às 18 horas com um recital no Hall do Palácio do Governo. , promovido pelo MInistério da Cultura. Sem a pressa que caracteriza o encerramento do expediente, cerca de 40 pessoas foram agraciadas com poemas de Daniel Filipe, Ovídio Martins, Jorge Barbosa e Corsino Fortes. O momento alto do recital foi a declamação do belíssimo poema “A Invenção do Amor”, de Daniel Filipe, por Rui Araújo, com coreografia de um casal de bailarinos do Raiz di Polon. O poeta Filinto Elísio, que agora assessora Manuel Veiga, recomenda aos burocratas: “é preciso fazer cultura no Palácio do Governo”.
Como disse o jornalista cultural António Silva Roque, um apaixonado pela poética crioula, “a poesia foi feita para ser dita”. É pena que os recitais sejam tão raros entre nós, que guardamos nas estantes produções de poetas tão apaixonados e inquietos. Lembro-me com saudade do clube “O Cais da Palavra”, de que Rui Araújo era capitão, entre outros. Um clube que marcou noites no antigo 5al da Música. E hoje? Há que citar o espectáculo de poesia erótica “Das frutas serenadas”, uma criação de Filinto Elísio, protagonizada ao lado Tchalé Figueira, Mano Preto, João Branco e Mário Lúcio, e apresentada há semanas no Mindelo. E na Praia? Parece que ainda somos muito puritanos… naquele sentido que só a hipocrisia sabe tecer.
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