Uma colecção inédita

A Ká Djarfogo apresenta uma colecção de bonecos de pano, com cerca de 100 anos de idade, que são um regalo para os olhos e para a memória. Uma dúzia de bonecos, cinco adultos, seis crianças e uma menina negra. Esta tem as feições distorcidas e veste farrapos, a denunciar a sua condição escrava muito mais do que a cor. Os outros bonecos, pelo contrário, vestem trajes de época, como ternos e vestidos de folhos e uma até usa um xaile aos ombros. Outra ostenta sapatinhos de couro, delicados.

Segundo o mentor da Ká Djarfogo, os bonecos foram confeccionados por sua Tia Djena (na Foto ao lado). D. Eugénia Barbosa Vicente nasceu nesta cidade dos sobrados a 14 de Agosto de 1871 e faleceu a 11 de Fevereiro de 1951. Era uma senhora solteira, que fazia os bonecos para o regalo dos sobrinhos. “Minha tia tinha muito tempo para se dedicar a estar arte, porque era solteira. Vivia com as irmãs, Tia Candinha e Tia Nanega. Os boncos são bem antigos. Minha mãe Celeste, que nasceu em 1925, brincava com eles”, explica Agnelo.

Uma colecção que dá o que pensar: será a representação de uma família? Dois casais, uma rapariga solteira e seis filhos pequenos e uma criada negra?

Os bonecos estão expostos na Ká (Casa) Djarfogo, na rua atrás da Igreja Matriz de S. Filipe. Neste mesmo espaço cultural, onde se degustar um delicioso néctar do mais puro café do Fogo (um dos melhores do planeta), também poderá encontrar outras preciosidades.

Uma dica do Lantuna aos mais curiosos: perguntar ao Agnelo Andrade pelas fotografias do início do século XX...