Para sempre Revolucionário
"Sou revolucionário desde a minha infãncia, continuo a sê-lo, ate à minha morte". Francisco Fragoso deixou essa garantia na palestra "Do teatro para o desenvolvimento", sexta-feira, no Palácio da Cultura Ildo Lobo. O dramaturgo deixou várias lições, que se encaixam precisamente no actual contexto do teatro, em Cabo Verde.
Em primeiro lugar, "sem teatro não há desenvolvimento". E mais taxativo: "para bom entendedor, meia palavra basta". Fragoso falava para uma plateia composta por escritores, poetas, actores, companheiros do Korda KaoBerdi e os habituais frequentadores dos eventos culturais na capital. Acabaria por desencadear um debate muito interessante quando afirmou que todo o teatro é eminentemente crítico e que, por isso, em países onde haja ditadura é sempre considerado como contrapoder.
O poeta Mário Fonseca não pereceu de todo convencido. "É possível que um teatro, sendo honesto, não seja crítico?". Não para Fragoso, que reafirmou que a arte "não pode prescindir da vertente de intervenção". Para o actor e professor de expressão dramática João Paulo Brito, hoje em dia as pessoas vão ao teatro em busca de "emoções perdidas", num mundo cada vez mais individualista e tecnológico. Ao que Fragoso arrematou:"se as pessoas não se emocionam, então não estão bem. E cabe ao teatro curá-las".
A estada de Fragoso entre nós tem sido portadora de boas novas. O dramaturgo quer reunir o grupo Korda KaoBerdi para produzir mais uma peça de teatro. Segundo o jornal Horizonte, trata-se da encenação no naufrágio do navio Matilde, que há meio século partiu para a América, a partir de Fajã D’Agua, na Brava, e nunca mais foi visto.
O revolucionário Kwame Kondé está de volta!
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